quarta-feira, 12 de março de 2008

Estendi a mão à imaginação e ela fugiu! parte um

Estendi a mão à imaginação e ela fugiu!
Escondeu-se entre duas das três pedras de gelo que estão num copo com sangria na mesa do lado. O empregado nunca mais vem. Estou aqui há meio relógio e ainda não fui atendido. Peidei-me e sorri. Os clientes da mesa do lado foram-se embora pois o cheiro era apenas comparável ao de um libertado por outrem. Sento-me então na mesa do lado.

Ao meu lado fiquei eu e permaneci sorrindo. Retiro a pedra de gelo de cima e meto-a no bolso porque mais tarde tenciono beber uma limonada. Retiro a outra pedra de gelo de cima e ponho-a no outro pois quero-a bem fresquinha! Resta apenas uma pedra de gelo e consigo vê-la lá debaixo. Parece estar a dormir. Está um fedor que não se pode mas não posso deixar aqui a imaginação insolente... Meto os dedos para a tirar e ela morde-me o indicador. Estava a fingir... O relógio está agora cheio. Retiro-o do pulso delicadamente e atiro-o para o chão. Peço ajuda ao porco sorridente aqui do lado que está apenas interessado em sorrir. A imaginação persiste debaixo da última pedra de gelo que continua a ser vencida pelo líquido. Ouço alguém a empurrar as duas portas que se abrem num único e suave empurrão.
Era eu e deparei-me com três pessoas dentro do bar. Um sorria sentado à mesa e o outro contornava um copo com uma das mãos a agarrar um dos dedos da outra. O empregado estendia a roupa por cima da máquina de café enquanto que na televisão passavam imagens de onde eu estava. Sou fotogénico! Dirijo-me ao que está a sorrir. Cumprimentei-o e ele sorriu... Vou até à outra mesa. Este não sorri... Cumprimentei-o e logo se queixou de como a imaginação fugiu.

Está um fedor que não se pode...
Bebi o resto da sangria que estava num dos copos em cima da mesa num trago, peidei-me e fui pedir uma limonada com três pedras de gelo.

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