segunda-feira, 31 de março de 2008

Será a beleza inóspita e intimidadora?

Um tubarão tem dentes belos e organizados em função do seu objectivo. A pele das cobras são simplesmente belas na sua textura e variações de cor. Para chegar a um oásis tenho de passar sede e rebolar na areia ardente vários pares de vezes. Embora haja excepções, os sítios belos têm maior apetência para catástrofes naturais, para além do maior risco de sermos mortos e comidos selvaticamente por um animal belo ou vários de pequeno porte, também belos. O que é belo, normalmente, tem sistemas de defesa avançados e até mesmo escudos invisíveis baseados em factos imperceptíveis por outros. Pode ter até fome!
A beleza é poder ou o poder é belo? Será a beleza inóspita e intimidadora?
A beleza atrai. Como tal, tem de desenvolver repelentes para as atracções indesejadas, ou tirar proveito delas! A beleza é um facto. Admitamos esse facto. Está em todo o lado e é inúmeras vezes ignorada. As pessoas esperam vê-la! A verdade, é que se pode simplesmente ouvi-la... cheirá-la... tocá-la... ou saboreá-la!
Proponho que estejamos atentos a quaisquer manifestações de beleza, que não nos intimidemos pelo facto e que as saboreemos em plena consciência da nossa condição e consequências da respectiva acção.

Não é belo, o mundo?

quinta-feira, 27 de março de 2008

Estendi a mão à imaginação e ela fugiu! parte dois

Acabei a limonada a assistir ao fantástico evento que passava na televisão. Sinto um ardor no estômago e uma incapacidade enorme em resolver pequenos problemas. Pergunto ao empregado quanto tempo demora a roupa a secar em tão estranhas condições e ele respondeu-me que relógio e meio normalmente são suficientes. Paguei e ao tentar sair deparei-me com duas portas sem qualquer sinalização. Abordei de novo o empregado e perguntei-lhe qual delas era a de saída. Ele também não sabia e afirmou prontamente que apenas usava a das traseiras. Sair pelas traseiras agora implicava fazer trezentos metros entre animais selvagens e insectos de oitocentos gramas, para finalmente chegar aos últimos vinte e oito metros quase paradisíacos, onde se perde a gravidade e o corpo apresenta movimentos inequívocos de invertebrados, podendo demorar vários relógios até chegar próximo da antena de televisão de casa e a agarrar para depois arrastar-me lá para dentro. Para confirmar a sua inteligência perguntei-lhe como se chamava e de que cor era o fiambre da pá. Ele respondeu-me que tinha o mesmo nome que eu e retirou a máscara que disfarçava o meu rosto.
Era eu e não me lembro da cor do fiambre! Dou uma volta muito rápida pelas mesas para recolher os copos vazios pois está um fedor que não se pode. Restam dois clientes sem máscara que sorriem e comunicam emitindo sons entalados contra as almofadas dos assentos. Parece uma conversa bastante interessante e cativante pois revelam-se incansáveis. Pediram dois copos de sangria com três pedras de gelo. Sentei-me e respondi entalando dois sons no assento para confirmar que tinha compreendido o pedido e fui preparar três copos de sangria. Ouço o cliente sentado ao balcão pedir uma limonada mas tenho de ir preparar as sangrias porque estou cheio de sede. Finjo que não ouço e disfarço-o rebolando-me no chão duas ou três vezes até que finjo que estou morto. Fui para a cozinha, bem junto ao chão para não ser detectado pelos radares inimigos, e preparei um jarro de cinco litros de sangria.
Enquanto esperava pela limonada, que já começava a duvidar ter pedido, assistia ainda ao magnífico evento em directo na televisão. Não tinha a certeza do que se tratava porque não tinha som e, incrivelmente, um dos personagens parecia apenas movimentar-se quando eu me movimentava.

quarta-feira, 12 de março de 2008

Estendi a mão à imaginação e ela fugiu! parte um

Estendi a mão à imaginação e ela fugiu!
Escondeu-se entre duas das três pedras de gelo que estão num copo com sangria na mesa do lado. O empregado nunca mais vem. Estou aqui há meio relógio e ainda não fui atendido. Peidei-me e sorri. Os clientes da mesa do lado foram-se embora pois o cheiro era apenas comparável ao de um libertado por outrem. Sento-me então na mesa do lado.

Ao meu lado fiquei eu e permaneci sorrindo. Retiro a pedra de gelo de cima e meto-a no bolso porque mais tarde tenciono beber uma limonada. Retiro a outra pedra de gelo de cima e ponho-a no outro pois quero-a bem fresquinha! Resta apenas uma pedra de gelo e consigo vê-la lá debaixo. Parece estar a dormir. Está um fedor que não se pode mas não posso deixar aqui a imaginação insolente... Meto os dedos para a tirar e ela morde-me o indicador. Estava a fingir... O relógio está agora cheio. Retiro-o do pulso delicadamente e atiro-o para o chão. Peço ajuda ao porco sorridente aqui do lado que está apenas interessado em sorrir. A imaginação persiste debaixo da última pedra de gelo que continua a ser vencida pelo líquido. Ouço alguém a empurrar as duas portas que se abrem num único e suave empurrão.
Era eu e deparei-me com três pessoas dentro do bar. Um sorria sentado à mesa e o outro contornava um copo com uma das mãos a agarrar um dos dedos da outra. O empregado estendia a roupa por cima da máquina de café enquanto que na televisão passavam imagens de onde eu estava. Sou fotogénico! Dirijo-me ao que está a sorrir. Cumprimentei-o e ele sorriu... Vou até à outra mesa. Este não sorri... Cumprimentei-o e logo se queixou de como a imaginação fugiu.

Está um fedor que não se pode...
Bebi o resto da sangria que estava num dos copos em cima da mesa num trago, peidei-me e fui pedir uma limonada com três pedras de gelo.

terça-feira, 11 de março de 2008

À mão

Na maioria das vezes retiram-se com elas os macacos do nariz. Noutras, fazem-se coisas que poderiam simplesmente fazer-se com uma faca ou com uma chave de fendas... dão um certo jeito se por acaso não as tivermos à mão. Há quem escolha a palheta em vez de com elas, dedilhar as cordas de uma guitarra. São, sem dúvida, importantes as nossas unhas!
Mas… para que quero eu as dos pés?
Terá a região do cérebro responsável pelo uso das unhas dos pés sido eliminada pela Selecção Natural?

O que esperam que aconteça quando carregam no botão da corneta do vosso automóvel?

a) Que, de repente, o trânsito se descongestione através da fé com que Nele carrego.
b) Que as várias toneladas de metal irracional com acabamentos me saiam da frente pois o som afugenta-as.
c) Que o tempo pare e me movimente livremente pelo espaço.
d) Que acelere o desgaste dos ouvidos dos que me rodeiam pois vendo aparelhos auditivos e tenho o meu com o volume no mínimo.