quarta-feira, 16 de abril de 2008

Ahhhh...

Estava a ficar tonto. O jantar ainda não chegou e já devorei uma enorme quantidade de pão, azeitonas, patê de sardinha e manteiga com alho. Tudo era quase o que parecia e já não pensava no que dizia. Simplesmente, falava e assistia! Não sei quantos bebi pois o copo está sempre cheio. Há alguém que dá especial atenção à quantidade de tinto que tinge o meu copo. Precisava de me levantar e ir ao WC, mas estava entalado contra um canto e três pessoas teriam de se levantar para poder sair. Gentilmente, levantaram-se todos, incluindo os do outro lado por simpatia. Ziguezagueei até à porta e estava ocupado. Resolvi não me sentar de novo pois três pessoas teriam de se levantar para eu entrar para o meu canto, de se voltarem a sentar e levantarem-se novamente para poder voltar ao WC. Resolvi encostar-me ao bar e pedi um martini tinto. Concederam-mo e feliz, bebi-o. A descarga era iminente. O tilintar das pedras de gelo no copo não estava a ajudar e duas torneiras estavam abertas. Uma renovava a água de um alguidar com tremoços e a outra enchia o balde da esfregona azul. O WC das Senhoras é do outro lado e nunca passaria despercebido se tentasse libertar a pressão por lá. Apesar de as pessoas estarem a jantar e a falar, não ouvia as vozes que se atropelavam ou os talheres quando se encostam aos pratos. Ouvia sim, o som da água a sair nas torneiras, a descer confiante pelos ralos… Ahhh…

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