terça-feira, 14 de abril de 2009

Sobem leves... breves...

Encontram-se frequentemente...

Não acreditam em destinos e não têm medo de se perder: só não se perde quem não ousa sair do seu corriqueiro trilho.

Algo os eleva e os une. Uma força intangível revela-se, perceptível.

O vapor abandona o café na caneca e enrosca-se nas ondas de fumo do cigarro.

Sobem leves... breves...

E juntos, desaparecem…

2 comentários:

Boy disse...

Mais uma vez, em virtude da nossa pequena tertúlia de ontem, redudante no tema - POESIA - mas sem qualquer cunho impresso de banalização, parece-me que se aplicam as palavras do MESTRE Ary dos Santos, genuíno desbocado, se me permites a brejeirice, dos poucos que teve TOMATES para dizer o que pensava sob pena que qualquer tipo de represálias, conservando perene seu espírito livre que nunca esteve à venda!! Hoje, 25 DE ABRIL, posso também partilhar contigo que, pese embora os Vampiros nos continuem a sugar o sangue, a minha (nossa) dignidade não tem preço! Até porque, já dizia o Senhor Alegre de outros temos na "Trova do vento que passa", interpretada pelo inigualável Adriano Correia de Oliveira: "HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE RESISTE HÁ SEMPRE ALGUÉM QUE DIZ NÃO!!" Desistência, Resignação, não fazem parte do Léxico. Não podem fazer. A Democracia foi desvirtuada e corrompida, seus supostos valores descaracterizados, PORÉM a LIBERDADE, essa, enquanto viver, imortalizada em nós, UM DIREITO INALIANÁVEL será... Quimera? Talvez... Obstinada utopia?.. Quem sabe... Mas recuso-me a dar essa meia volta de 180º... Eles até podem comer tudo. Os meus ideais NÃO!!!



POETA CASTRADO, NÃO!!!

Serei tudo o que disserem
por inveja ou negação:
cabeçudo dromedário
fogueira de exibição
teorema corolário
poema de mão em mão
lãzudo publicitário
malabarista cabrão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

Os que entendem como eu
as linhas com que me escrevo
reconhecem o que é meu
em tudo quanto lhes devo:
ternura como já disse
sempre que faço um poema;
saudade que se partisse
me alagaria de pena;
e também uma alegria
uma coragem serena
em renegar a poesia
quando ela nos envenena.

Os que entendem como eu
a força que tem um verso
reconhecem o que é seu
quando lhes mostro o reverso:

Da fome já não se fala
é tão vulgar que nos cansa
mas que dizer de uma bala
num esqueleto de criança?

Do frio não reza a história
a morte é branda e letal
mas que dizer da memória
de uma bomba de napalm?

E o resto que pode ser
o poema dia a dia?
Um bisturi a crescer
nas coxas de uma judia;
um filho que vai nascer
parido por asfixia?!
Ah não me venham dizer
que é fonética a poesia!

Serei tudo o que disserem
por temor ou negação:
Demagogo mau profeta
falso médico ladrão
prostituta proxeneta
espoleta televisão.
Serei tudo o que disserem:
Poeta castrado não!

José Carlos Ary dos Santos

Anónimo disse...

Que belo título! Deixa-me ser a escreve-lo dando especial incidência na pausa, Sobem leves... breves...
Entre leves e breves sobe-se-me a alma aos três mil pés.
Sobem leves... breves...
Vale pelo som da pausa, do repouso pois que leves e breves não duram.
Que subam leves... que sejam breves...